Huwaei x EUA: o que está por trás dessa guerra comercial
O veto dos EUA à fabricante chinesa Huawei parecem um simples bloqueio comercial, mas, segundo analistas, é uma guerra pelo domínio da tecnologia 5G
Recentemente, o governo dos Estados Unidos promoveu um veto às redes e aos celulares da fabricante chinesa Huawei. E o que para muitos pode parecer um simples bloqueio comercial, na verdade, é algo muito mais profundo. Trata-se de uma declaração de guerra que vai muito além das hostilidades tarifárias e gira em torno da tecnologia 5G, a quinta geração da telefonia móvel. A avaliação foi feita por um artigo do El País.
“O medo de que a China controle as comunicações e os dados no futuro é o que transforma o que parecia uma guerra comercial em um combate de extrema importância na indústria tecnológica. E, no fundo, na origem de uma possível corrida armamentista. Ou seja: o problema não é o celular, nem a tecnologia 5G simplesmente. Mas tudo o que Pequim pode chegar a desenvolver com essa rede além do uso civil”, diz o artigo.
Índice:
Google engrossa o bloqueio norte-americano
Aliado poderoso do veto do governo norte-americano, o Google anunciou que deixará de dar suporte aos smartphones da Huawei. O que automaticamente condena milhões de aparelhos de celular da fabricante chinesa, que operam com Android, à obsolência. E, de acordo com o artigo do El País, esse é “apenas o primeiro aviso do vulcão”.
“A maior erupção, a definitiva, está por vir sob a sigla 5G. Esta tecnologia não é só um avanço a mais. Carros autônomos funcionarão graças a essa quinta geração de celulares, e os robôs industriais poderão processar qualquer ordem em tempo real, o que os transformará em máquinas eficientes e quase humanas, capazes de substituir não só operários de uma fábrica, mas também permitir que um cirurgião opere à distância, por exemplo”, afirma o artigo.
Presidente da Huawei critica Trump
Ren Zhengfei, fundador e presidente da Huawei, se pronunciou recentemente sobre as medidas adotadas pelo governo de Donald Trump. “O 5G não é uma bomba atômica; é algo que beneficia a sociedade. Não deveríamos ser o alvo dos Estados Unidos só porque estamos na frente deles no 5G”, disse o executivo da Huawei.
Tecnologia 5G: mais velocidade e menos latência
A próxima geração da internet móvel promete abrir caminho para a quarta revolução industrial. Com conexões dez vezes mais rápidas que as atuais de 4G, a tecnologia 5G multiplica por 100 o número de aparelhos conectados com o mesmo número de antenas. Além disso, reduz em dez vezes o consumo de bateria dos dispositivos.
A redução da latência é considerada o maior avanço do 5G. Quanto mais baixa é a latência, mais rápida é a reação do dispositivo acionado à distancia. E a nova tecnologia reduz esse atraso a um milésimo de segundo. A resposta é praticamente instantânea. E permite, por exemplo, a condução autônoma de veículos de forma segura. Assim como sistemas de comunicação, segurança e defesa operados à distância. De acordo com o artigo do El País, é esse o motivo que levou o presidente Donald Trump a centrar toda a sua artilharia na Huawei, uma vez que a empresa chinesa domina a construção de redes 5G.
“O que está por trás do duelo tecnológico entre os Estados Unidos e a China tem a ver com a enorme preocupação norte-americana em ter a primazia em relação à China na corrida militar, e a tecnologia 5G figura no centro dessa inquietação. O Pentágono menciona isso em um relatório ao Congresso, no qual destaca o desenvolvimento de empresas como Huawei e ZTE e aponta que o esforço de Pequim para “construir grandes grupos empresariais que obtenham um rápido domínio do mercado, com um amplo leque de tecnologias, complementa diretamente os esforços de modernização do Exército e traz consigo implicações militares sérias”.
A Huwaei no mundo
A Huawei é detentora de 35% do mercado de redes de nova geração na Europa. E possui mais de 2.500 patentes relativas ao 5G. A empresa também tem contratos com cerca de 40 operadoras, que não poderão lançar suas redes 5G a tempo caso se unam ao bloqueio comercial à Huawei
“De fato, a Europa já está atrasada em relação a países como EUA, Japão, China e Coreia. Somente a Nokia e a Ericsson podem lhe fazer frente nessa disputa, mas a tecnologia e o posicionamento da empresa chinesa são mais avançados e baratos”, afirma o artigo do El País.
“Nossas tecnologias 5G estão pelo menos dois anos na frente e serão líderes mundiais durante muito tempo. Nossas estações de 5G podem ser instaladas manualmente. Não é preciso contar com torres e guindastes nem bloquear estradas para construí-las, já que têm o tamanho de uma maleta. Por isso, é justamente o departamento do 5G que tem sido alvo dos ataques dos EUA”, disse recentemente Ren Zhengfei, presidente da Huawei, a jornais chineses.