Coronavírus e o 5G: por que essa relação é uma fake news
Teoria da conspiração liga nova geração da internet móvel à disseminação da Covid-19; comunidade científica afirma que trata-se de um “absurdo”
O medo da pandemia do coronavírus transformou o território virtual da internet em um terreno fértil para as fake news e teorias da conspiração. E uma das consideradas mais absurdas foi a de que a redes da tecnologia 5G estariam ajudando a propagar o novo coronavírus. Por conta desses boatos infundados, prontamente desmentidos pela comunidade científica, atos de vandalismo foram cometidos contra antenas ou postes de telefonia em cidades da Inglaterra.
“O 5G será uma realidade no futuro. Já existem celulares sendo vendidos com essa tecnologia, que inclusive já foi implementada com sucesso em algumas cidades do mundo. E além de essa hipótese não ter embasamento científico, esse tipo de vandalismo vai deixar a tecnologia cada vez mais cara para ser implementada. E esse gasto, posteriormente, vai cair na conta do consumidor”, afirma Thiago Leite Porto, pesquisador da PROTESTE.
Dois boatos sobre 5G e o coronavírus
A falsa teoria sugere que a nova geração da telefonia móvel, que tem sua rede transmitida por ondas de rádio, estaria disseminando o vírus que causa a doença Covid-19 de duas maneiras: ao suprimir o sistema imunológico das pessoas e ao efetivamente servir como agente transmissor.
De acordo com Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular da Universidade de Reading, no Reino Unido, ambas as ideias são “um total absurdo”, disse ele em entrevista ao Portal G1,.
“A ideia de que o 5G reduz o sistema imunológico não resiste ao escrutínio científico. Seu sistema imunológico pode ser afetado por todo tipo de coisa: como estar cansado um dia ou não ter uma boa dieta. Essas sim são flutuações que, apesar de pequenas, podem torná-lo mais suscetível a pegar vírus. Ondas de rádio podem atrapalhar sua fisiologia à medida que aquecem. Isso significa que seu sistema imunológico pode não funcionar. Mas os níveis de energia das ondas de 5G são minúsculos e não estão nem perto o suficiente de afetar nosso sistema imunológico. Existem muitos estudos sobre isso”, diz Clarke.
Sem fundamento
E como se não bastasse a impossibilidade de o vírus estar presente nas ondas de rádio, um outro “buraco” joga toda a teoria por terra: o coronavírus se espalhando pelo mundo inteiro, inclusive por diversos lugares onde a tecnologia ainda não foi implantada, como o Brasil.
De acordo com Thiago Leite Porto, a teoria da conspiração envolvendo o coronavírus e as redes 5G é mais um exemplo de que as pessoas precisam confirmar sempre as informações que recebem, especialmente via redes sociais.
“O consumidor deve sempre procurar informações com boas fontes para evitar, ao máximo, as fake news. Procurando sempre outras fontes de credibilidade, como os jornais e portais conhecidos no mercado, todos podem se embasar para não caírem em histórias falsas”, concluiu Thiago.