Smart cities no Brasil: em que estágio estamos?

Smart cities no Brasil: em que estágio estamos?

Uso de tecnologia e inteligência tem sido a resposta dada pelas cidades para resolver problemas e melhorar qualidade de vida do cidadão

Mais de três quartos da população mundial vivem em cidades. Isso traz uma série de desafios no que se refere a como organizar esses locais para as pessoas serem mais felizes e produtivas. E a resposta que muitas cidades estão dando a esse problema é o uso da tecnologia e inteligência. Esse é basicamente o conceito de cidades inteligentes (smart cities).

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o conceito já se consolidou como assunto fundamental na discussão global sobre o desenvolvimento sustentável. E movimenta um mercado global de soluções tecnológicas, que é estimado a chegar em US$ 408 bilhões até 2020. Além disso, mais da metade das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes já fazem uso do conceito em diferentes escalas.

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E no Brasil? Como estão as iniciativas de cidades inteligentes? Na prática ainda são poucas as cidades brasileiras que adotam o conceito de forma ampla. Existem alguns projetos em fase inicial e grandes cidades fazendo uso de algumas tecnologias, mas ainda de forma incipiente. O ranking da IESE Business School avaliou cinco grandes cidades brasileiras nesse sentido.

De acordo com a instituição, São Paulo se destaca pelos investimentos em mobilidade urbana, assim como o Rio e Brasília. Curitiba, por sua vez, inovou com uma frota de carros elétricos que prestam serviços públicos. Já Salvador, a única cidade do Nordeste no ranking, investe na tecnologia para melhorar a mobilidade urbana e a produção de energia. A capital baiana criou um aplicativo para os passageiros de ônibus e o governo local investe na internet da coisas (IoT) para monitorar a iluminação pública.

Além das iniciativas adotadas por grandes cidades, existem projetos mais focados. Vejamos alguns:

Smart City Laguna

Trata-se de um projeto piloto de uma cidade inteligente para 25 mil habitantes em São Gonçalo do Amarante (CE). A cidade tem como conceito o homem no centro do desenvolvimento. Assim sendo, a cidade se adapta à sua necessidade e não o contrário. Além disso, a cidade prevê um equilíbrio de áreas verdes, fluidez nos deslocamentos e projetos sociais para as pessoas de baixa renda.

A cidade também terá uma indústria própria para fornecer os pré-moldados, que fornecerá a pavimentação e assentamento urbano. Sensores espalhados por todos os cantos prometem gerar uma economia nos serviços públicos em geral, como iluminação e coleta de lixo.

Pedra Branca

Pedra Branca

Outro exemplo é a chamada cidade Pedra Branca. Na prática, trata-se um bairro inteligente no município de Palhoça, na grande Florianópolis (SC). A prioridade da smart city é a localização do comércio varejista, lazer, educação e prestação de serviços. Assim, essas instalações são sempre colocadas estrategicamente próximas aos locais de moradia. Isso favorece os deslocamentos curtos, por meio de bicicletas ou carros.

Búzios

A cidade de Armação dos Búzios (RJ) direcionou os esforços de uso da tecnologia para a redução do consumo de energia e segurança. A prefeitura implantou lâmpadas LED controladas remotamente em algumas áreas da cidade. Além disso, diversos domicílios receberam medidores inteligentes de energia, que permitem maior controle nos gastos. Os moradores podem ainda gerar energia com painéis solares e “vendê-la” apra a distribuidora local. Esses painéis também foram colocados em escolas com o objetivo de gerar economia para as instituições. A cidade também tem um projeto piloto de videomonitoramento em andamento.

Campinas

(Crédito: Carlos Bassan)

Na cidade de Campinas, câmeras de vigilância têm sido usadas para identificar placas de carros roubados. Na cidade paulista, cerca de 130 pessoas já foram detidas devido ao uso dessa tecnologia. No fim de 2018, a cidade iniciou um projeto de reconhecimento facial, também com foco na segurança pública.

Concluindo

A adaptação das cidades ao conceito de cidades inteligentes ainda está no início. Por isso, há muitas oportunidades de crescimento nessa área. E também muitos riscos, já que o avanço tecnológico é crescente e esses sistemas estão sujeitos a ataques cibernéticos. No entanto, se as cidades souberem direcionar seus esforços para mitigar riscos e oferecer mais soluções, a implantação do conceito tem tudo para ser bem sucedida.