Reconhecimento facial: tecnologia chinesa é testada no Brasil

Reconhecimento facial: tecnologia chinesa é testada no Brasil

Iniciativas de uso do monitoramento para a segurança pública já acontecem em Campinas e na Bahia

O assunto é polêmico e abre discussões de diversos níveis sobre privacidade dos cidadãos. Neste início de 2019, deputados e senadores viajaram em comitiva para a China. Por lá, conheceram um sistema capaz de identificar o rosto de qualquer pessoa em meio a uma multidão. É o chamado reconhecimento facial, uma solução de segurança pública usada pelo governo chinês que, em menor escala, já vem sendo testada em Campinas (SP) e na Bahia.

Um artigo publicado recentemente na editoria de tecnologia do UOL traz todos os detalhes da comitiva parlamentar à China e das iniciativas do uso do reconhecimento facial na segurança pública. De acordo com a publicação, o reconhecimento facial já é usado no Brasil para outras finalidades, como identificar pessoas suspeitas em aeroportos. Mas ainda são raras as aplicações da tecnologia na segurança pública.

Iniciativas em Campinas e na Bahia

Na cidade de Campinas e no estado da Bahia, câmeras de vigilância têm sido usadas para identificar placas de carros roubados. Na cidade paulista, cerca de 130 pessoas já foram detidas na cidade por conta das câmeras de monitoramento de veículos. Já o sistema de reconhecimento facial foi iniciado apenas no final de 2018, quando a prefeitura da cidade começou a receber propostas de empresas e institutos de pesquisas que trabalham com esse tipo de tecnologia.

Câmera de monitoramento de rua

De acordo com o UOL, a chinesa Huawei foi a primeira a apresentar um projeto para a prefeitura de Campinas. A gigante das telecomunicações, além da fabricação de celulares, tem experiência na área, uma vez que é a fornecedora do modelo usado pelo governo chinês. O projeto é uma parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), em Campinas.

Já na Bahia, o projeto é do governo do Estado. De acordo com o artigo, foram gastos R$ 18 milhões na compra do sistema de monitoramento. Além disso, 310 novas câmeras aptas para o reconhecimento facial foram adquiridas pelo governo baiano.

Estrutura montada

A mecânica do reconhecimento facial depende dos locais onde as câmeras são instaladas. Normalmente, escolhe-se lugares estratégicos, com grande fluxo de pessoas. No caso de Campinas, elas são conectadas à Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp), que tem acesso a quase 500 câmeras na cidade. Desse total, de acordo com o artigo do UOL, cerca de 300 são da prefeitura e outras 200 de estabelecimentos diversos, como bancos, shoppings e até mesmo a Universidade de Campinas (Unicamp).

Pessoas andando na rua

A central já alimenta o sistema com os números das placas e características dos veículos roubados. Agora, com a nova tecnologia, passou a abastecer esse banco de dados com os rostos de pessoas suspeitas. A tecnologia de reconhecimento facial, no entanto, não faz um comparativo da foto fornecida pela central com a imagem captada pela câmera. Na verdade, é feita uma busca por detalhes faciais que se pareçam com o rosto da pessoa procurada.

Como funciona o reconhecimento facial

A imagem do rosto de uma pessoa é processada por um algoritmo. Que, por sua vez, é treinado para identificar dezenas de pontos faciais únicos. E fazer correlações entre eles. Os detalhes captados vão desde distâncias – como do nariz aos olhos ou da boca ao queixo – a marcas e cicatrizes, passando pelo contorno da face e o formato da extremidade do rosto.

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As informações são usadas para criar um arquivo com a descrição do rosto, que é guardado para futuras consultas. Este arquivo pode ser usado para identificar suspeitos ou localizar desaparecidos com mais agilidade.

O direito à privacidade

Na China, atualmente, existem mais de 170 milhões de câmeras em funcionamento. E conectividade muito mais avançada do que no Brasil. Além disso, conforme destaca o artigo, o poder público chinês tem menos freios institucionais do que no Brasil. Por aqui, a proteção de dados pessoais, por exemplo, é assegurada por lei. Conheça a parceria nossa parceria com o Google para proteção de dados.