Pagamentos instantâneos: bom para empresas e consumidores

Pagamentos instantâneos: bom para empresas e consumidores

Representantes do segmento discutem a importância de iniciativa do Banco Central de criar um fórum para o assunto, apontando caminhos e desafios

Após a criação do Fórum de Pagamentos Instantâneos (Fórum PI) por parte do Banco Central (BC), representantes da indústria de meios de pagamentos eletrônicos já repercutem importância da iniciativa. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), bem como executivos de bancos e bandeiras de cartões, defenderam que o segmento e os pagamentos rápidos podem ajudar a mudar a relação dos consumidores com as empresas. Especialmente no que diz respeito à redução de custos. No entanto, o setor compreende que é necessário investir e relevar o custo das transações.

O tema foi muito discutido no Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (CMEP). Promovido anualmente pela Abecs, o evento, que chegou a sua 13ª edição, aconteceu no final de março, em São Paulo.

Custos das transações

De acordo com o Mobile Time, o diretor de arquitetura de tecnologia do Itaú, Thiago Charmet, fez um alerta no evento. Segundo ele, assim como acontece com o movimento de open banking (“bancos abertos”, na tradução em inglês), as instituições financeiras precisam se preocupar com os custos das transações. A cadeia de pagamentos tem uma estrutura mais leve de transações e mais fluidez de dinheiro com as novas tecnologias. Por isso, os custos das transferências podem ser impactados.

Já Percival Jatobá, vice-presidente de produtos, soluções e inovações da Visa, levantou outra questão, em contrapartida. De acordo com o executivo, a cadeia de pagamentos – formada por bancos, fintechs, empresas, credenciadores, adquirentes, usuários e comerciantes – será impactada.

Para Jatobá, uma vez regulada a entrada dos pagamentos instantâneos, eles passarão a demandar mais investimentos em tecnologia das empresas. Mesmo assim, o executivo da Visa crê que o ecossistema de pagamentos precisa abraçar essa iniciativa, para não ficar ultrapassado em relação ao consumidor.

“Hoje, há mais de 35 países com programas ativos e mais de trinta em desenvolvimento. Essa é uma tendência global e temos que abraçar isso junto com o BC. Ele pode ter transações entre países e permite oferecer novos serviços aos clientes, sem fricções. Mas a questão é que não podemos perder a discussão e correr o risco de sermos canibalizados por outros entrantes”, disse Jatobá.

Pagamentos instantâneos já são realidade

Durante CMEP, Jatobá lembrou também que os pagamentos instantâneos são uma realidade antiga no Brasil. Afinal de contas, o popular TED bancário (Transferência Eletrônica Disponível) é considerado um pagamento rápido. Ele ressaltou, ainda, que o mercado precisa olhar para essa modalidade além das transferências de pessoa para pessoa (P2P). Mas também para transações de pessoas para mobile (P2M), pagamentos de contas e pagamentos no e-commerce.

O executivo da Visa comentou casos como o crescimento de 50% de transações P2M e P2P com a Bankgirot e Swish na Suécia; o volume de 500 mil transações do Google Tez meses após o lançamento na Índia; e as 800 mil transações da UPI, também no mercado indiano, meses após seu lançamento pela Amazon.

Redução do volume de dinheiro em espécie no mercado

O artigo do Mobile Time destaca, também, que para o presidente da Abecs e da Getnet, Pedro Coutinho, uma das principais vantagens dessa e de outras soluções tecnológicas é o fato de reduzir o volume de dinheiro no mercado, que traz altos custos para o ecossistema financeiro todo ano.

Coutinho citou como exemplo os dados do BC que revelam um gasto de R$ 790 milhões que o país teve para imprimir dinheiro em espécie em 2018. Além disso, ele lembrou do perigo no transporte de dinheiro, uma vez que foram registrados 116 assaltos aos carros-forte no último ano.

“Os pagamentos instantâneos, sem sombra de dúvida, vão ajudar o consumidor. Hoje se ele (consumidor) quer pagar uma conta no sábado, ele não consegue, por exemplo. Há uma série de tecnologias e medidas que podem ajudar na redução do uso do dinheiro, boletos e cheques. Estamos trabalhando com as bandeiras, regulador, emissores, enfim, toda a cadeia para ajudar a reduzir custos”, disse Pedro Coutinho.

Ações do Banco Central

Representante do regulador nacional no CMEP e chefe de departamento de regulação do sistema financeiro no BC, João André Calvino Pereira disse no evento que os pagamentos instantâneos são uma das ações importantes do Agenda BC+. O movimento busca a inovação no setor. E tem o intuito de possibilitar que mais agentes financeiros prestem serviços à sociedade.

Segundo João André, “as características dos pagamentos instantâneos têm sinergia com o Open Banking. E serão peças fundamentais para o desenvolvimento dos bancos abertos”.