Inteligência artificial no Musée D’Orsay recria Van Gogh para conversar com o público

Inteligência artificial no Musée D’Orsay recria Van Gogh para conversar com o público

Os desenvolvedores aprenderam a direcionar a conversa sobre temas delicados, buscando transmitir mensagens de resiliência

O legado de Vincent Van Gogh continua vivo, com suas obras em exposições e teatros imersivos pelo mundo. No Musée D’Orsay, em Paris, uma tentativa ousada de preservar sua memória envolve um sósia realista do artista, alimentado por inteligência artificial (IA). Batizado de “Bonjour Vincent”, o programa analisou 900 cartas do pintor, mas precisa de orientação humana para lidar com perguntas sensíveis dos visitantes, especialmente sobre seu suicídio.

Os desenvolvedores aprenderam a direcionar a conversa sobre temas delicados, buscando transmitir mensagens de resiliência. A iniciativa, que levou quase um ano para ser desenvolvida, faz parte dos esforços do Musée D’Orsay para manter relevância, especialmente diante de parcerias com empresas visando lucros. O projeto inclui uma experiência de realidade virtual chamada “Van Gogh’s Palette”.

Enquanto alguns historiadores de arte estão consternados com a digitalização do legado de Van Gogh para fins comerciais, outros reconhecem o apelo. A Jumbo Mana, startup responsável pelo algoritmo, planeja lançar o programa de IA de Van Gogh nos dispositivos Amazon Alexa. No entanto, a crescente comercialização, incluindo colaborações com marcas de moda e Pokémon, levanta questões sobre o equilíbrio entre preservar a integridade artística e explorar novas oportunidades digitais.

Apesar de críticas, museus estão entrando em território desconhecido, aproveitando as oportunidades digitais que a pandemia trouxe. No entanto, desafios surgem, como o frenesi gerado pela colaboração com a Pokémon Company International e a invasão da loja de presentes do Museu Van Gogh.

O impacto na pesquisa histórica também é sentido, com historiadores enfrentando dificuldades para encontrar documentos autênticos em meio à febre dos cartões de Pokémon relacionados ao artista no eBay. De acordo com o Estadão, o projeto “Bonjour Vincent” revela um retrato generativo do artista incompleto, com falhas que refletem a complexidade de recriar a essência de Van Gogh por meio da IA.