IA pode ajudar nas finanças pessoais? Veja dicas

IA pode ajudar nas finanças pessoais? Veja dicas

A otimização dos processos que geralmente são feitos no papel e caneta garante maior controle financeiro

A inteligência artificial (IA) pode ajudar em muito mais do que se imagina. Além de criar fotos para entrar nas tendências das redes sociais, ou ajudar com pesquisas e textos, há diversas plataformas que podem auxiliar no controle das finanças pessoais.

Uma pesquisa recente da OpenAI mostrou que o Brasil é o terceiro maior mercado do ChatGPT no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e Índia. São mais de 140 milhões de mensagens diárias enviadas por brasileiros à IA generativa.

O relatório mostra que o principal objetivo dos usuários brasileiros ao usar o ChatGPT é buscar apoio na melhoria da comunicação escrita e do aprendizado, correspondendo a 20% e 15% de todas as mensagens enviadas do Brasil, respectivamente.

Para além dessas ajudas pontuais, é possível utilizar ferramentas de IA para ter uma melhor relação com o dinheiro. Especialistas indicam que o uso dessas plataformas vem se tornando cada vez mais comum e faz com que o planejamento financeiro seja mais eficiente, automatizado e acessível.

“A IA pode analisar grandes volumes de dados em tempo real, identificar padrões e oferecer insights que seriam impossíveis de serem percebidos por métodos tradicionais. Isso permite uma personalização maior nas estratégias financeiras, ajudando tanto indivíduos quanto empresas a tomarem decisões mais informadas e assertivas”, afirma o economista Welinton dos Santos, do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).

Em meio a um cenário onde a rotina é agitada e o tempo se torna artigo de luxo, a otimização dos processos que geralmente são feitos no papel e caneta garante maior controle financeiro.

A depender da plataforma, é possível criar planilhas, pedir uma análise de gastos, indicações de investimentos e formas de economizar. Tudo isso com a possibilidade de atualização automática, em alguns casos.

IA como ferramenta

Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, alerta que o uso da IA não significa um abandono completo da análise financeira por parte da pessoa. Isso porque a tecnologia não vai fazer todo o trabalho: uma melhor saúde financeira depende da avaliação da realidade da pessoa e a disciplina em alcançar os objetivos.

Ou seja, mesmo que a ferramenta ajude a compreender números específicos e padrões, cabe ao usuário manter o processo de planejamento sem comprometer gastos que considera essenciais — incluindo lazer e bem-estar. Afinal, a relação com o dinheiro é quase completamente comportamental.

“Os modelos de IA podem ter vieses, por exemplo, baseados em médias ou em usuários que têm perfil semelhante, mas que não são exatamente iguais a você, o que funciona para muitos pode não funcionar para você. O mais importante é que a IA não substitui o juízo humano, discutir prioridades, valores pessoais, risco, mudanças de cenário (uma crise, desemprego, inflação acelerada), e isso conta muito no planejamento financeiro”, explica Patzlaff.

Ainda, o especialista destaca que a IA deve ser alimentada da maior quantidade de dados para entregar melhores resultados. É importante registrar todas as receitas e despesas, atualizar e corrigir erros, para evitar previsões e sugestões potencialmente erradas.

Acessibilidade à educação financeira com IA

Ferramentas de IA facilitam o acesso à informação e educação financeira (FOTO: Vitaly Gariev / Unsplash).

Ferramentas de IA facilitam o acesso à informação e educação financeira (FOTO: Vitaly Gariev / Unsplash).

Quanto à democratização ao acesso à educação financeira, Patzlaff afirma que a IA pode reduzir custos do planejamento por meio dos aplicativos, ferramentas e chatbots que oferecem muitos serviços por pouco ou nenhum custo. Para ele, isso permite que mais pessoas façam planejamento financeiro.

Ainda, as ferramentas de IA possibilitam o acesso à informação, com relatórios visuais, gráficos, alertas e previsões. “Você consegue ver o que está fazendo de certo ou errado de modo que possa entender aqueles conceitos abstratos de educação financeira de forma prática. Além da IA ter interfaces amigáveis, apps em celular, tutoriais e suporte, o que torna o processo menos intimidante para quem não entende muito de finanças”, avalia o especialista em investimentos.

Para fins de comparação, uma pesquisa realizada pela Serasa em abril deste ano revela que quase metade das mulheres até 29 anos (48%) já enxerga a IA como uma aliada para cuidar da vida financeira no futuro, e esse número sobe para 58% entre os homens jovens.

Das mulheres entrevistadas, 24% já fazem uso de IA para a organização de gastos, 15% já utilizam desta ferramenta para conseguir renda extra e 11% pedem orientações para investimentos.

Quais ferramentas de IA existem para ajudar no planejamento financeiro?

Lauro Chaves Neto, membro da Comissão de Política Econômica do Cofecon e professor adjunto da UECE, comenta que a organização financeira deve seguir algumas etapas básicas como:

  • Diagnóstico financeiro (análise da renda, despesas, dívidas e investimentos);
  • Definição de metas (curto, médio e longo prazo);
  • Criação de um orçamento;
  • Controle de gastos e revisão periódica;
  • Formação de reserva de emergência e investimentos.

Em todas essas fases, a IA pode ser uma verdadeira aliada, automatizando o rastreamento de despesas, sugerindo metas realistas com base no perfil do usuário, enviando alertas de gastos excessivos e até mesmo analisando se o planejamento está sendo cumprido.

Diversas plataformas podem ajudar nessa perspectiva, seja no âmbito pessoal ou empresarial. Chaves Neto e os demais especialistas recomendam as seguintes IAs para o planejamento financeiro:

  • Para finanças pessoais: Copilot, ChatGPT, Google Gemini, Notion AI, Tiller Money; ou recursos de bancos como C6 Buddy, Itaú Copiloto e Inter IA;
  • Para finanças empresariais: Kavout, Zest AI, Upstart, AlphaSense, Tesorio, Xero + Hubdoc.

Cuidado com as informações enviadas e recebidas pela IA

A principal dica na hora de enviar as informações para IAs, em especial as generativas e de chatbot — como o ChatGPT ou Copilot —, é enviar comandos objetivos e claros. Para além de colocar as informações, peça exatamente o que você deseja, com as especificações necessárias.

No entanto, Jeff Patzlaff alerta para questões de privacidade e a sua segurança de dados, quanto e quais dados você está entregando à ferramenta, quem tem acesso, e se há ou não risco de vazamento.

Ao mesmo tempo que a IA pode ser uma grande aliada do planejamento, é importante avaliar se as informações enviadas pela ferramenta estão corretas ou até mesmo se fazem sentido para a sua realidade. Vale alertar que essas plataformas nunca devem recomendar um investimento específico, mas indicar possíveis aportes.

Os especialistas reforçam a importância de não compartilhar dados sensíveis (contas de banco, senhas e dados completos do patrimônio) com plataformas gratuitas ou não confiáveis.

“Sempre prefira aplicativos com criptografia de ponta a ponta e reputação consolidada. É recomendável evitar compartilhar: senhas bancárias, dados de cartão de crédito, informações fiscais sensíveis, documentos pessoais (CPF, RG) em plataformas não confiáveis, códigos de autenticação e tokens. Sendo fundamental sempre verificar a política de privacidade e a segurança dos aplicativos antes de inserir qualquer dado”, sugere Chaves Neto, membro da Comissão de Política Econômica do Cofecon.

Por fim, os especialistas explicam que manter a disciplina no planejamento financeiro pode ser o passo mais difícil, mas assistentes virtuais e IAs também podem auxiliar nesse processo. A recomendação é, em qualquer caso, definir metas realistas e acompanhar gastos não só mensalmente, mas também semanalmente. “A consistência na revisão de despesas aumenta a consciência financeira e evita desvios maiores”, afirma o professor adjunto da UECE.

Colaborou: Camila Lutfi.

Já reparou?

A PROTESTE é a maior associação de defesa do consumidor da América Latina e, como parte de seu propósito, está sempre atenta às necessidades do mercado brasileiro. Recentemente, lançamos a campanha Já Reparou?, que visa garantir aos consumidores o Direito de Reparo de seus produtos eletrônicos de forma acessível. A iniciativa busca combater práticas de alguns fabricantes que limitam o reparo de aparelhos ao bloquear o uso de componentes que não sejam originais ou instalados por oficinas credenciadas.

Você pode participar dessa ação e colaborar com essa conquista – acesse o site jareparou.com.br, assine e garanta esse direito. Essa vitória, entre outras coisas, amplia a aquisição de peças e manuais, reduzindo o custo de consertos para o consumidor e incentivando a sustentabilidade.