Existe mesmo celular à prova d’água? Entenda
Entenda como funciona a proteção de celulares contra a entrada de água, para evitar grandes danos nesses aparelhos
O celular é um item que está presente em diferentes momentos da vida de uma pessoa. Por isso, ao adquirir um smartphone, muitos consumidores podem se perguntar se esses aparelhos são realmente à prova d’água. Afinal, esses dispositivos também costumam ser usados em ambientes com a presença de líquidos, desde banheiros até praias.
Um estudo publicado na plataforma IEEE Access destacou que um levantamento da International Data Corporation (IDC) mostrou que a segunda maior causa de danos em smartphones em 2016 foi o contato com a água. Para evitar esse tipo de problema, o artigo pontuou que uma das principais demandas dos usuários de celulares é justamente a sua capacidade de proteção contra água.
Mas existe mesmo celular à prova d’água? Valter Santiago, coordenador dos cursos de Engenharia Mecatrônica e Engenharia da Computação da FIAP, responde que sim. No entanto, ele complementa que há condições específicas para o celular suportar o líquido, como o ambiente e a profundidade a que o aparelho será submetido.
“Existe uma norma brasileira regulamentadora que especifica os graus de proteção que um eletrônico ou qualquer equipamento elétrico pode ter”, comenta Valter. Algumas dessas especificações estão relacionadas à sigla IP, que significa Índice de Proteção.
IP65 e IP68: quais os significados desses índices?
A sigla IP costuma ser acompanhada de numerais, os quais indicam o nível de proteção do celular contra poeira e água. Conforme Valter, os selos IP65 e IP68, por exemplo, querem dizer o seguinte:
IP65
- 6: totalmente protegido contra partículas de poeira;
- 5: protegido contra jatos de água.
IP68
- 6: totalmente protegido contra partículas de poeira;
- 8: totalmente protegido contra a água, até mesmo no caso de submersão.
Assim, o selo IP65 é usado em celulares resistentes à água – e não à prova d’água. Isso quer dizer que a sua proteção é mais limitada. “Por exemplo, se você passar o aparelho debaixo da torneira ou se ele cair no vaso sanitário e a pessoa pegá-lo rapidinho, não tem problema”, ilustra Valter.
Já um dispositivo à prova d’água, com o selo IP68, pode ser colocado dentro da água e ficar protegido. Mas mesmo que uma pessoa compre um celular com IP68, isso não quer dizer que o dispositivo não tenha limitações. Nesse caso, Valter explica que o aparelho foi elaborado para aguentar até, no máximo, 10 metros de profundidade de água.
“Quando passa de 10 metros, a pressão do ambiente dobra, ficando muito mais forte. Assim, por mais que o celular seja 100% fechado e vedado, a água começa a entrar no aparelho por pequenas frestas, como o vão da capinha, vão do botão de volume e, principalmente, pelo ponto onde você carrega o celular”, destaca o coordenador.
Água com cloro pode danificar o celular?
Outro ponto de atenção com o celular é a presença de elementos químicos – como o cloro – na água em que ele será colocado. “O IP68 quer dizer que o aparelho é à prova d’água, mas pensando em água comum. Se tiver algum produto químico no líquido, ele pode comprometer a blindagem do celular, por ser corrosivo”, diz Valter.
Levar o celular para o banho é perigoso?
O estudo de 2019 citado acima destacou que 61% dos usuários de celulares levam o aparelho ao banheiro. Muitas pessoas tomam banho com o celular por perto para escutar músicas, por exemplo. Mas será que isso é um problema, especialmente pelo vapor liberado?
Na verdade, Valter explica que um dispositivo resistente à água já consegue blindá-lo da entrada do líquido. “As microgotículas de água que vão acumular nele não vão causar nenhum efeito”, pontua.
No entanto, se o celular for comum – ou seja, se não apresentar nenhum índice de proteção contra água –, ele pode sofrer danos, pois a água é capaz de entrar pelas pequenas frestas.
Sinais de que o celular sofreu infiltração

Após um certo tempo, o aparelho pode apresentar algumas falhas decorrentes de infiltração (Foto: Freepik).
Um estudo publicado na ScienceDirect destacou que a maioria das degradações em eletrônicos provocadas pela entrada de água exigem a substituição de peças. No entanto, grande parte dos sinais de infiltração não aparecem instantaneamente.
“Às vezes, o líquido entrou em uma região onde não tinha nenhum problema aparente, mas isso pode danificar a antena, a parte de volume do celular ou alguma parte interna de memória, que começa a corromper informações”, diz Valter.
Outros problemas que o especialista elenca são: celular ficando mais lento e aparelho que começa a ligar e desligar sozinho.
Capinhas aumentam a proteção?
Quando se trata de maneiras para aumentar a proteção, muitos apostam em capinhas. Mas esses acessórios funcionam? A resposta é sim. Conforme Valter, há capinhas bem vedadas que impermeabilizam o celular.
No entanto, para que itens como capas e películas exerçam essa função, é preciso escolher uma peça composta por um material de qualidade e que seja vendida por uma marca conhecida.
Meu celular caiu na água: o que fazer?
Caso o celular caia acidentalmente em um espaço cheio de água – especialmente se o aparelho possui proteções limitadas –, vale adotar algumas medidas. Valter recomenda:
- Não tente ligar e usar o aparelho;
- Seque o aparelho com um paninho ou papel toalha, em todo lugar que conseguir;
- Deixe secar naturalmente por alguns dias.
“Também funciona colocar o celular no arroz, pois o alimento tem uma propriedade de absorção muito alta – ou seja, ele consegue sugar a água com facilidade e ajuda na secagem”, orienta Valter.
A garantia cobre danos por contato com líquidos?
Se o aparelho à prova d’água estiver no período de garantia e ele sofrer danos por líquido, o consumidor tem direito a exigir troca ou a correção do problema. No entanto, Valter destaca a possibilidade do usuário enfrentar dificuldades. Isso porque pode ser preciso provar que a pessoa não expôs o dispositivo a uma condição que forçou a entrada de água.
Já reparou?
A PROTESTE é a maior associação de defesa do consumidor da América Latina e, como parte de seu propósito, está sempre atenta às necessidades do mercado brasileiro. Recentemente, lançamos a campanha Já Reparou?, que visa garantir aos consumidores o Direito de Reparo de seus produtos eletrônicos de forma acessível. A iniciativa busca combater práticas de alguns fabricantes que limitam o reparo de aparelhos ao bloquear o uso de componentes que não sejam originais ou instalados por oficinas credenciadas.
Você pode participar dessa ação e colaborar com essa conquista – acesse o site jareparou.com.br, assine e garanta esse direito. Essa vitória, entre outras coisas, amplia a aquisição de peças e manuais, reduzindo o custo de consertos para o consumidor e incentivando a sustentabilidade.










