Casa inteligente: como garantir a segurança da família?

Casa inteligente: como garantir a segurança da família?

Apesar de facilitarem a rotina, é preciso olhar com um certo cuidado para as casas inteligentes, para garantir a proteção e segurança de dados.

“Ligue a luz”. “Me diga como será o clima hoje”. “Toque minha música favorita”. Vamos ser sinceros: a facilidade vinda com os dispositivos inteligentes para casa melhorou bastante a nossa vida. Nada como poder programar a cafeteira e acordar já com o cheiro do café pronto, poder ter as luzes do quarto apagadas sem precisar sair da cama ou conseguir ouvir sua agenda de compromissos diários sendo ditada para você enquanto come seu café da manhã, por exemplo. 

Mas, você já parou para pensar que, para conseguir responder a um pedido seu, muitos dispositivos inteligentes, como Alexa, Izy Speak, entre outros, precisam estar o tempo todo com a função de escuta ativada, para conseguir funcionar após um “chamado”? Pensar nisso nos leva a outra pergunta: além do que pedimos a esses aparelhos, o que mais eles estão conseguindo escutar da nossa vida diária? E mais: o que podem fazer com essas informações? 

Essas questões passam na cabeça da maioria das pessoas que já transformaram sua casa em uma casa inteligente. Segundo uma pesquisa encomendada pela Kaspersky, 56% dos usuários dessas tecnologias afirmam que sua principal preocupação com a segurança da casa conectada à Internet é que os dispositivos inteligentes, como câmeras de monitoramento de bebês e animais de estimação, possam ser hackeados ou usados para espioná-los.

Fato é que, para melhorar sua qualidade na hora de compreender e entregar informações, esses dispositivos realmente armazenam boa parte dos dados que coletam. É assim, pegando o maior número de dados possíveis e utilizando-os, que as inteligências artificiais, no geral, conseguem entregar o que, no fundo, muita gente gosta: respostas rápidas e personalizadas, de acordo com nossos interesses e na linguagem que costumamos utilizar. 

Antes se desesperar e sair desligando tudo que vê por aí, em uma tentativa de recuperar sua privacidade, é importante se lembrar de uma coisa: para funcionarem no Brasil, essas tecnologias precisam estar de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, que tem seu nível de rigidez para evitar que seus dados sejam usados de forma indevida. 

Apesar disso, garantir a sua segurança na sua casa inteligente é essencial para evitar possíveis problemas e amenizar o medo de uma invasão hacker, por exemplo. Confira algumas dicas de como fazer isso: 

Assegurando casas inteligentes

Fato é que, se não forem bem protegidos, os dados coletados por esses dispositivos podem estar suscetíveis a violação de privacidade e uso indevido. A ideia é pensar que, por estar conectada à uma rede de internet, todos os possíveis golpes e perigos relacionados à conexão podem adentrar uma casa inteligente, com possibilidade de hackeamento de dados, phishing, etc. 

Assim como nos demais dispositivos, o segredo para evitar que esses problemas aconteçam é preveni-los, por meio de senhas fortes, uma rede de Wi-Fi segura e manter, sempre que possível, os softwares atualizados. Isso porque a fragilidade desses três pilares costuma ser o combo que torna um acesso indevido possível.

O primeiro passo para assegurar – o máximo possível – a sua casa inteligente é olhar para sua rede Wi-Fi. Pense que, por ser abastecida pela internet, sua rede Wi-Fi é a base do seu sistema inteligente. Para garantir que sua rede está segura, lembre-se de usar uma senha forte e habilitar a criptografia WPA2 e WPA3. Na internet, você pode encontrar vídeos te ensinando a fazer isso com seu modem.

Além de um Wi-fi protegido, os aparelhos que você utiliza em sua casa inteligente também precisam estar seguros. Para isso, é importante lembrar-se de usar senhas fortes e, se possível, senhas diferentes em cada aparelho. Isso evita o acesso indevido por meio de tentativas e erros de senhas. 

Ativar a autenticação em duas etapas, em todos os dispositivos que tiverem essa opção, também é crucial para evitar invasões. Isso porque, mesmo tendo conseguido adivinhar a senha forte que você escolheu, quando a autenticação está ativada, para entrar de fato no seu aparelho, o invasor precisará de um código, que será enviado para seu e-mail ou celular, a depender do dispositivo. Isso não torna a invasão impossível, mas deixa-a mais complicada, afinal, nesses casos, será preciso invadir também o e-mail ou o celular para conseguir entrar na rede. 

Manter os dispositivos inteligentes atualizados também é crucial para sua segurança. Isso porque, de tempos em tempos, as empresas vão aprendendo sobre possíveis novas formas de invasões e costumam adicionar, nas atualizações, novas formas de prevenir esses ataques. 

De olho nas leis

Preocupações como: o acesso não autorizado a informações confidenciais, vazamentos de dados e uma vigilância excessiva foram algumas das reclamações que levaram à criação de leis e regulamentações de seguranças aprimoradas. No Brasil, tudo que tange a privacidade de dados na internet está abraçado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

Isso porque a segurança dos dados é crucial para proteger a privacidade dos consumidores e evitar vazamentos que podem resultar em fraudes e danos financeiros. Até porque a proteção de dados pessoais é um direito fundamental garantido pela Constituição e pela LGPD (art. 1º), e as empresas que não a respeitam podem enfrentar sanções severas, incluindo multas e proibição do exercício das atividades (art. 52).

A existência desse conjunto de leis relacionados à privacidade de dados, no entanto, não significa que esses dados não possam ser coletados e utilizados. 

Especialistas já confirmaram que, mesmo sob essas condições, as inteligências artificiais podem coletar dados pessoais, conforme definido na LGPD. E isso inclui dados como nome, endereço, e-mail, informações de localização e dados de comportamento online, desde que respeitados os princípios da lei, como a obtenção do consentimento (art. 7º), geralmente presente em checks iniciais de sites e contratos. 

As empresas podem usar esses dados pessoais para diversas finalidades, como aprimorar serviços, oferecer publicidade personalizada e desenvolver novos produtos. Entretanto, elas ainda devem estar em conformidade com a LGPD, que exige que a coleta e o uso de dados tenham uma finalidade específica (art. 6º) e que os usuários sejam informados sobre isso (art. 9º).

Ou seja, a principal regra está na informação: para coletar esses dados, a empresa precisa te deixar ciente de que está utilizando essas informações e para que elas serão usadas. E, para utilizar a tecnologia, você precisa concordar com elas. 

É neste momento que, muitas vezes, você pensa: “mas nenhuma empresa nunca me contou como usa meus dados e eu também nunca assinei nada a respeito disso”. E é aí que você se engana. Lembra do aceite que precisou dar nos “termos de uso”, antes de começar a usar o aparelho, aplicativo ou rede social? Pois é, naquele contrato enorme que a maioria das pessoas não lê, estão esmiuçados todas as informações que você precisa saber, como essas. 

Vale ressaltar que a LGPD ainda é muito nova e segue em constante atualização, conforme novas tecnologias vão sendo criadas. A questão da necessidade do uso de dados por inteligências artificiais para aprimorar suas respostas, por exemplo, segue em constante questionamento entre entendedores do assunto, para conseguir definir os limites desse acesso e utilização.

Muita calma nessa hora!

Fato é que sim, os dispositivos inteligentes podem captar e utilizar muitos de seus dados e também podem se configurar em um possível risco no sentido de invasões, mas eles também podem auxiliar (e muito!), nossas vidas. 

Além de facilitar a rotina, deixando alguns itens diários prontos, avisando quando vai chover, programando horários na casa para apagar e acender as luzes, eles podem ser cruciais no cuidado e segurança, como o uso de câmeras com som para pets, crianças e idosos. Nesses casos, o tutor, pais ou responsáveis, podem acompanhar a atividade por meio das câmeras, receber alertas no caso de movimentações suspeitas e, ainda, em alguns casos, conseguem falar com o pet ou pessoa que está na casa, dando instruções ou acalmando-o. 

Ou seja, não é o momento de encarar esses dispositivos e as casas inteligentes como inimigos. Muito pelo contrário, quando utilizados de forma pensada, eles são grandes facilitadores do nosso dia-a-dia. 

A instrução, no entanto, é não olhar para esses aparelhos como meros amigos e facilitadores e entender os perigos que eles podem trazer. Fazer essa análise evita a compra desnecessária de múltiplas tecnologias inteligentes, pela mera “diversão” e “ostentação” e ajuda a garantir uma preocupação em relação a segurança de senhas, acessos, criptografias e autenticações. 

Basta entender que todo bônus vem com um ônus acompanhado. Aprendendo a olhar e analisar os dois lados, você poderá fazer um balanço de quais equipamentos julga necessários para sua casa e entender como cuidar deles, da mesma forma que eles “cuidam” de você.