Buscador do Google agora entrega respostas formuladas por inteligência artificial

Buscador do Google agora entrega respostas formuladas por inteligência artificial

A novidade marca mais um passo da evolução do Google em relação a inteligência artificial

Se você fez alguma pesquisa no Google recentemente, pode ter percebido que a forma que a ferramenta  entrega os resultados mudou. Nas últimas semanas, em primeiro lugar, antes mesmo dos links patrocinados, o internauta se depara com uma resposta gerada automaticamente pela inteligência artificial do buscador.

Essa mudança começou a ser prometida em maio deste ano nos Estados Unidos e, em agosto, chegou oficialmente aos computadores e celulares aqui no Brasil. Com ela, a inteligência artificial do Google promete trazer informações ainda mais personalizadas e aprimoradas pelo cruzamento do consumo do usuário e seus interesses.

Segundo o que a própria empresa informou no evento em que anunciou a chegada dessa mudança, a ideia é permitir que os usuários façam perguntas mais complexas na Busca, ao invés de dividir as pesquisas em diversas consultas.

“Às vezes você quer uma resposta rápida, mas não tem tempo para analisar tudo que está por aí. Com os Resumos de IA, a Busca fará o trabalho para você”, explicou Liz Reid, vice-presidente e chefe de pesquisa do Google, no evento Google I/O, que aconteceu no primeiro semestre deste ano.

A ferramenta já existia há um tempo na plataforma, inicialmente em fases de testes, depois apenas para os usuários que a habilitassem e, agora, para o público geral. A mudança, sem dúvidas, vai alterar permanentemente a forma na qual fazemos buscas no site.

Preocupação para os produtores de conteúdo

As respostas geradas pela inteligência artificial do Google ganharam um espaço privilegiado na página de buscas, já que aparece logo em primeiro lugar, antes de todos os links.

A mudança tem preocupado empresas e portais que produzem conteúdos que alimentam a plataforma. Desde que a novidade foi anunciada, os produtores de conteúdo já estão analisando e prevendo uma redução em seu tráfego. Afinal, ao ter a resposta pronta, de forma facilitada, na frente dos olhos, poucas pessoas se preocuparão em de fato entrar nos links que aparecem a seguir.

Grandes jornais dos Estados Unidos, onde a mudança chegou primeiro, já trouxeram estudos e prospecções sobre a provável queda no acesso aos conteúdos. Segundo o The Washington Post, a chegada da inteligência artificial na ferramenta do Google trará ameaças à “sobrevivência de milhões de criadores e editores que dependem do serviço para obter tráfego”.

Jornais como o Wall Street Journal e o The Atlantic tentaram colocar esses possíveis prejuízos em números. Segundo pesquisas feitas por eles, os editores de notícia poderão perder entre 20% e 40% do tráfego gerado pelo Google com a chegada da novidade.

Buscador do Google agora entrega respostas formuladas por inteligência artificial

A forma de fazer pesquisas no Google mudou com a vinda da inteligência artificial (Foto: Freepik)

Muito além de números

Além de perdas consideráveis em relação a cliques, anunciantes e, consequentemente, financiamento de sites, a mudança gera uma preocupação em relação à qualidade do conteúdo que consumimos.

Afinal, por mais treinadas para retirar informações de portais de qualidade que as inteligências artificiais possam ser, elas ainda não têm a qualidade humana de apuração e interpretação dos fatos. Além disso, com os jornais tendo menos financiamento, com a queda de cliques, é natural que tenham também menos investimento para produzir conteúdos de qualidade para informar a população.

A maior parte dos especialistas norte-americanos ouvidos por grandes portais de lá afirmaram a mesma coisa: “é o fim da pesquisa do Google como a conhecemos”.

Inteligência artificial é uma questão de hábito

Para os otimistas de plantão, a mudança pode, de fato, trazer uma pesquisa mais rápida para coisas simples, como receitas ou informações mais diretas. E, apesar de ser uma tendência, principalmente no começo, elas não necessariamente diminuirão bruscamente o tráfego dos sites.

Basta lembrar que, um tempo atrás, o desespero era em relação ao anúncio do Google sobre os primeiros resultados da busca serem apenas links patrocinados. Com o tempo, parte da população se habituou com o layout da plataforma e começou a olhar com mais cuidado para o que é publicidade e o que é entrega orgânica.

Claro que essa preocupação vem apenas de uma parte e, com a chegada das respostas rápidas da inteligência artificial, será necessário uma nova educação, para que a população entenda a diferenciação entre o que foi gerado por um robô e o que foi apurado por humanos e, aí fazer sua escolha de onde se informar.

Outras formas de inteligência artificial

O Google não é a única empresa que investiu em inteligências artificiais de perguntas e respostas rápidas, muito menos o primeiro.

Vemos hoje um boom desse tipo de tecnologia, com o Chat GPT, YouChat, Gemini (a do Google), Copy.AI e até mesmo a Alexa, que responde o que você pergunta por voz quase instantaneamente.

A diferença é que, até então, os usuários poderiam escolher quando entrar em contato com essas inteligências, agora, elas deram um jeito de entrar na nossa rotina, por meio de uma simples pesquisa. É o futuro chegando até nós, quer a gente goste ou não.