Ineficiência em bloquear celulares após roubo estimula criminalidade
Mesmo quando solicitado o bloqueio pela vítima permite, os aparelhos continuam a ser usados, estimulando comércio ilegal e crimes
Furto ou roubo de celulares são alguns dos crimes mais comuns no Brasil. Além disso, aproximadamente 60% dos latrocínios (roubo seguido de morte) ocorridos em 2018 no Distrito Federal tiveram como motivo o roubo de celulares. E há um fator que contribui para que esse crime continue: a ineficiência em bloquear celulares após furto ou roubo mesmo quando solicitado pela vítima.
Pesquisa do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) aponta que, apesar de o usuário solicitar o serviço nas operadoras ou na Polícia Civil, o telefone ainda pode ser usado.
O bloqueio apenas protege os dados do dono do aparelho. Mas os telefones continuam em funcionamento e têm apenas a linha suspensa. Dessa forma, o aparelho ainda pode ser usado para acessar a internet e aplicativos, bastando estar conectado a uma rede wi-fi. E mesmo assim, há criminosos que conseguem burlar esse sistema, mudando o código de identificação do aparelho (o IMEI)
O entendimento do setor é que se houvesse um bloqueio eficiente dos telefones, o número de roubos e furtos cairia.
Todo smartphone tem um IMEI único. Ele tem 15 algarismos e permite que uma pessoa possa usar chips das operadoras nacionais. Após um furto ou roubo, esse código é bloqueado, deixando a linha inoperante, apesar das outras funções se manterem ativas. No entanto, como os criminosos conseguem adulterar esse número, os celulares permanecem funcionando e em circulação.
Compra de celular de origem duvidosa alimenta os crimes
Outro fator que alimenta a criminalidade é a compra de celulares no mercado ilegal. O pesquisador da PROTESTE, Thiago Leite Porto, alerta que o consumidor não deve comprar celulares de origem duvidosa.
“Essa compra motiva o movimento e isso irá gerar cada vez mais roubos. Além disso, é importante que o consumidor, assim que compre o celular android ou iOS novo, configure o serviço de rastreamento remoto do aparelho, para que consiga mostrar para os policiais onde o celular está, ao fazer o boletim de ocorrência”, afirma.
Como bloquear o celular após furto ou roubo
É recomendável que os usuários de smartphones deixem o IMEI anotado à parte,para conseguir, se for o caso, fazer a interdição da linha posteriormente e registrar ocorrência na Polícia Civil. Geralmente, o código fica exposto na caixa do produto ou pode ser consultado pelo próprio celular: basta telefonar para *#06# que o número aparece na tela.
Agentes da Polícia Civil solicitam o bloqueio do IMEI no momento em que a vítima registra ocorrência, mas a suspensão da linha só ocorrerá se a vítima informar o código.
Dados do Sinditelebrasil ainda mostram que 48% das pessoas que tiveram o telefone roubado ou furtado registraram ocorrência; 55% pediram o bloqueio do chip e do aparelho; 21%, só do chip; e 6%, do celular. A pesquisa também lista ineficiências no processo.
O que fazer caso a operadora não bloqueie o aparelho devidamente
Caso o consumidor peça à operadora para fazer o bloqueio do aparelho roubado e este for ineficaz, o consumidor pode buscar uma reparação. A empresa de telefonia que não cumprir com pedido de bloqueio de um telefone furtado ou roubado responderá objetivamente pelos danos causados ao consumidor”, afirma o especialista em Defesa do Consumidor da PROTESTE, Renato Santa Rita. Nesse caso, basta que o consumidor comprove que solicitou o bloqueio, demonstre o prejuízo ou potencial prejuízo de o celular não ter sido bloqueado.